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Macrófagos Residentes: o que são?

Você provavelmente já ouviu nas aulas de ciências ou em alguma consulta médica o termo “macrófagos”. Então você já deve saber que os macrófagos são aquelas células do nosso corpo que têm a capacidade de combater partículas estranhas que entram no nosso corpo, como bactérias, vírus e diversos microrganismos, por meio da fagocitose, que é quando a célula captura e absorve seu alvo. Isso tudo é verdade, mas, você sabia que os macrófagos são um grupo muito diverso de células?

Quando o monócito é produzido, lá na medula óssea, ele viaja pela corrente sanguínea e chega às regiões mais distantes do nosso corpo. Quando chega no tecido, ele realiza diapedese, que é um processo de passagem do sangue para o tecido, e dá origem ao macrófago. Tanto o monócito quanto o macrófago são células mononucleares, ou seja, possuem apenas um núcleo.

Lâmina com sangue. As células circuladas são monócitos e as vermelhas são as hemácias


Quando chegam no tecido, lá encontram um ambiente que promove sua diversificação em classes diferentes. Quando o tecido está sendo atacado, uma série de fatores é liberado pelas células, a fim de destruir o agente invasor. Esses fatores são as citocinas e quimiocinas, que podem ser inflamatórias ou anti-inflamatórias. No início de uma infecção, prevalecem os fatores inflamatórios, que induzem a morte de células afetadas e promovem a ativação de outras células do sistema imune. Ao chegar nesse ambiente, o macrófago se transforma em macrófago da classe M1, que possui aquelas características mais conhecidas, de fagocitose e produção de fatores inflamatórios, e auxilia no combate do patógeno.

Depois que a infecção foi combatida, a inflamação precisa ser amenizada, para reparar o tecido. Então, são liberados fatores anti-inflamatórios, que estimulam os macrófagos a adquirirem características associada com a classe M2, que tem a função de absorver células mortas, induzir a cicatrização para auxiliar na reconstrução do tecido que foi danificado.

Desenho ilustrativo do processo de diapedese; passagem de células do capilar ao tecido.


Você já deve estar se perguntando: e os macrófagos residentes? Pois bem; os macrófagos residentes são um grupo particular de células que não são produzidas na medula óssea, como todas as outras do sangue. Na verdade, eles têm a mesma origem do tecido em que estão residindo. Por exemplo: quando um tecido está se diferenciando, no desenvolvimento fetal, nele há um grupo de células que se tornarão macrófagos específicos daquele tecido. Há macrófagos residentes em nossos pulmões (imagem abaixo), na derme, no cérebro, no fígado e em diversos outros órgãos

Lâmina de corte de alvéolo pulmonar. As células maiores e mais coradas são os macrófagos pulmonares


Em sua maioria, esses macrófagos que residem no tecido têm um perfil M2, ou seja, de auxiliar na manutenção homeostase, no equilíbrio corporal. Durante uma infecção, tendem a ter seu número diminuído, dando espaço aos macrófagos M1. Após a resolução, multiplicam-se novamente, e auxiliam na reconstrução.

Desenho esquemático dos diferentes perfis adotados por macrófagos



Mas então, os Macrófagos M2 e os residentes são a mesma coisa?

A resposta é não! Ambos têm a função de reparar o tecido, agindo em um ambiente anti-inflamatório. Mas apresentam origens distintas, e receptores de superfície distintos.

Um receptor de superfície nada mais é que um tipo de proteína que têm a função de reconhecer sinais, sendo que cada uma dessas proteínas é específica para seus respectivos sinais. O que são esses sinais? São as citocinas e quimiocinas de que falamos mais cedo, lembra? Elas são secretadas pelas células do nosso corpo e são por elas que as células se comunicam.

Dessa forma um macrófago residente sabe quando deve auxiliar na reparação do tecido e quando deve ficar recluso. O sistema imune é fantástico, não?


Referências:

Tarique AA, Logan J, Thomas E, Holt PG, Sly PD, Fantino E. Phenotypic, functional, and plasticity features of classical and alternatively activated human macrophages. Am J Respir Cell Mol Biol. 2015 Nov;53(5):676-88. doi: 10.1165/rcmb.2015-0012OC. PMID: 25870903.

Davies LC, Jenkins SJ, Allen JE, Taylor PR. Tissue-resident macrophages. Nat Immunol. 2013;14(10):986-995. doi:10.1038/ni.2705

Lichtnekert J, Kawakami T, Parks WC, Duffield JS. Changes in macrophage phenotype as the immune response evolves. Curr Opin Pharmacol. 2013 Aug;13(4):555-64. doi: 10.1016/j.coph.2013.05.013. Epub 2013 Jun 7. PMID: 23747023; PMCID: PMC3732570.



Para ler mais:

Lee SH, Chaves MM, Kamenyeva O, Gazzinelli-Guimaraes PH, Kang B, Pessenda G, Passelli K, Tacchini-Cottier F, Kabat J, Jacobsen EA, Nutman TB, Sacks DL. M2-like, dermal macrophages are maintained via IL-4/CCL24-mediated cooperative interaction with eosinophils in cutaneous leishmaniasis. Sci Immunol. 2020 Apr 10;5(46):eaaz4415. doi: 10.1126/sciimmunol.aaz4415. PMID: 32276966; PMCID: PMC7385908.

Lee SH, Charmoy M, Romano A, Paun A, Chaves MM, Cope FO, Ralph DA, Sacks DL. Mannose receptor high, M2 dermal macrophages mediate nonhealing Leishmania major infection in a Th1 immune environment. J Exp Med. 2018 Jan 2;215(1):357-375. doi: 10.1084/jem.20171389. Epub 2017 Dec 15. PMID: 29247046; PMCID: PMC5748861.


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